Aumenta a presença de facções criminosas em cidades da Amazônia Legal
11/12/2024
Um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que as organizações criminosas já estão presentes em 3 de cada 10 cidades da região. Facções criminosas do Sudeste avançam na Amazônia Legal
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou números que mostram o avanço de facções criminosas do Sudeste na Amazônia Legal. Elas já estão presentes em três de cada dez cidades da região.
Dezenove facções criminosas ligadas ao narcotráfico atuam em pelo menos 260 cidades da Amazônia Legal. O dado é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que traz outro alerta: a presença do crime organizado nessa área cresceu 46% em 2024, na comparação com 2023.
A aliança entre as facções e os grupos criminosos locais e a importância estratégica da rota amazônica para a droga que vem de países vizinhos estão entre os fatores que contribuem para a expansão do crime organizado na região. O relatório mostra que as facções geram conflitos para dominar territórios, promovendo o desmatamento, a extração ilegal de ouro e outros crimes.
"Os conflitos estão acontecendo muitas vezes em terras indígenas, muitas vezes obrigando os indígenas a trabalharem, quase como um trabalho escravo, em relação ao minério, à pesca, porque é a lógica do controle armado pelas facções”, diz Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O estudo também aponta uma relação entre as atividades ilegais e os homicídios. A taxa de mortes violentas intencionais na Amazônia Legal está em 32 a cada 100 mil habitantes. Embora tenha diminuído, esse número está mais de 40% acima da média nacional.
Leilane Garcia perdeu o filho em setembro de 2024, vítima de um assalto em uma praça de Macapá.
"Não poder usufruir do que a gente tem, usufruir do nosso trabalho, não pode usufruir porque a gente não pode ir bem ali com medo de ser assaltado é desesperador. O meu filho só tinha 15 anos”, conta.
Os especialistas dizem que é preciso qualificar os mecanismos para combater a lavagem de dinheiro e integrar as instituições de segurança pública estaduais e federais, e os órgãos de controle ambiental e da Justiça para frear o avanço do crime organizado na Amazônia.
Ambientalistas alertam que o controle exercido pelas facções dificulta o fortalecimento de atividades sustentáveis na região que vai sediar em 2025 a COP 30 - Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.
"O meio ambiente também sofre muitas das consequências porque esses grupos passam a operar outros mercados seja financiando o crime ambiental, seja financiando a própria grilagem de terra", afirma Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé.
Aumenta a presença de facções criminosas em cidades da Amazônia Legal
Reprodução/TV Globo
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